MARIO BASTOS
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Numa certa época da minha vida, eu morava num sítio no interior, muito verde, paz, tranqüilidade, trabalhava para mim, um homem bruto de feição, grande, forte, mas meigo, educado, chamava-se João Batista, era casado e tinha um filho que se eu não me engano chamava-se Leonardo.
Trabalhador de mão cheia era meu companheiro durante todo o dia, pois eu o acompanhava em quase todas as atividades do sítio, plantar, cuidar das criações de animais, etc. Com o tempo comecei a me tornar íntimo daquele homem, e um dia lhe fiz uma pergunta: “João me responda uma coisa, você é feliz?”, imediatamente me respondeu: “Claro que sou doutor, pois eu e minha família temos saúde, tenho minha horta, possuo minhas vaquinhas, e isso é tudo que preciso para ser feliz” me respondeu com um sorriso nos lábios, aquele homem imenso.
Neste momento eu o medi de cima abaixo, ele estava todo sujo, maltrapilho, fedido, mas com um sorriso que ia de orelha a orelha, por ter me dito tudo aquilo.
Naquele momento comecei a repensar em minha vida, pois eu teria uma outra expectativa de felicidade, mas na realidade eu cheguei à conclusão que não o era.
Do que adiantava, eu ser dono do sítio, patrão daquele homem, e não tinha nem dez por cento daquela felicidade que o João emanava de seu rosto. Pedi licença aquele grande homem e um homem grande, para poder pensar.
Sentei na minha rede, dentro de uma casinha de sapé que o João construiu para mim e comecei a fazer uma retrospectiva da minha vida, dinheiro, carro importado, roupas caras, mas nunca sorri daquele jeito, e isso me incomodava e muito, por que o João sorria daquela maneira?
O dia passou, chegou à noite, adormeci, acordei e lá estava eu, sozinho, no escuro total, somente ouvindo o barulho do silencio e dos animais noturnos, foi quando dei por mim e finalmente descobri o que era ser feliz.
Ser feliz era acordar todos os dias e abrir os olhos, ser feliz era poder ter receio da escuridão, escutar tudo, enxergar mesmo que no escuro, enfim , é estar vivo e atento a tudo e a todos, e dar o devido valor ao ar que respiramos, sentir o gosto da água, ver a lua, é viver a plenitude da vida.
Comece a repensar, se você é efetivamente feliz, pois se não o for, estas perdendo o seu precioso tempo, para alcançar a felicidade que está ao seu alcance.
“Felicidade é sentar na calçada com seu filho, e jogar
bolinha de gude com ele em pleno dia de trabalho”.
Mario Bastos